Eduardo Kasse, muito prazer!
Escritor e roteirista

Sobre crianças, dignidade e sonhos desfeitos

Uma historieta sobre o fenômeno Neymar e os professores do Brasil.

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Por:

dinheiro
Como ensinar o conceito de valor aos pequenos?

– Papai!

– Diga meu filho.

– Tirei excelentes notas. Sou o primeiro da classe!

– Parabéns. Amanhã vamos comer pizza para comemorar. Que tal?

– Eu quero a minha de atum.

– Então pediremos meia atum, meia calabresa.

Os dois ficaram sentados na frente da TV que mostrava a torcida do Barcelona em polvorosa pela contratação do novo craque.

– Papai!

– Fala – respondeu o pai sem tirar os olhos da TV.

– Eu já sei o que quero ser quando crescer.

– E o que é? – estava magnetizado pela dança do jogador ao fazer embaixadinhas para os torcedores ensandecidos.

– Professor! – disse com orgulho.

– Que ótimo. Vai precisar estudar bastante – o pai deu um semissorriso ao ver o jogador arranhar um agradecimento em catalão.

– E vou mesmo – falou com os olhinhos brilhantes. – Irei aprender direitinho todas as matérias para me tornar o melhor professor do mundo.

– E vai ser… – abriu outra cerveja e deu um longo gole.

.

.

.

– Papai!

– O que é? – estava imerso na fala dos comentaristas.

– Se eu for o melhor professor do mundo, eu serei tão rico quanto o Neymar?

O pai virou a cabeça e encarou o filho.

– Ah moleque chato – ralhou. – Para de me aporrinhar e vai lá fora jogar bola que você ganha mais!

Pois é… Ô se ganha!

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