Quando os Primeiros receberam o dom da palavra e os Segundos o dom da profecia, contaram para os Poucos a história do Monstro do Mar que surgiria numa tarde de Sol negro e de águas bravias.
Assim os seus Deuses – os nossos Deuses – lhes sussurraram nos sonhos. E essa era a verdade.
Disseram que, quando o monstro tocasse as areias da praia, cuspiria gigantes de gelo, brancos como os cadáveres, e eles brandiriam grandes armas feitas com dentes de cor de prata da Lua.
Dentes que morderiam fundo.
E arrancariam braços.
E decepariam cabeças.
E fariam as mães chorarem.
E todos, mesmo os mais corajosos, tremeriam de medo.
Os Primeiros e Segundos há muito estão mortos. Há tanto tempo que seus ossos já se tornaram o pó que nutriu as raízes profundas das árvores sagradas, altas, tão altas que podem tocar as nuvens.
E os nossos Deuses estão cada vez mais em silêncio.
E alguns da nossa gente, os mais rebeldes e sem respeito à verdade, bradam que eles devem estar mortos. E outros, sem temor de ter a alma estraçalhada ao chegar ao mundo dos mortos, dizem que eles nunca existiram.
Aos anciãos, resta a tristeza e a condolência aos Antes-deles. Por isso, suas palavras perduram contadas e recontadas pelos Filhos dos filhos dos filhos que as repetem aos Novos nas noites de Lua-azul.
E assim sempre foi. E assim sempre será.
Até o fim dos tempos.
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