Sempre fui um entusiasta do conceito de que com conhecimento, habilidades e experiência podemos ir muito longe.
Quando iniciei a minha carreira como desenvolvedor web no último semestre de 2002, ainda na faculdade, havia um consenso entre alunos e professores que ter sucesso era estagiar numa grande empresa, ser trainee numa multinacional, enfim, iniciar a carreira já com o pé direito.
E essa visão está certa! Para muitos, esse é um modelo que funciona e está de acordo com os anseios profissionais.
Mas eu queria algo diferente: queria me tornar um empreendedor.
Muitas pedras atiradas, algumas mãos dadas
Lembro-me que, quando escolhi não buscar o caminho convencional, fui bastante criticado e mesmo desaconselhado por diversas pessoas.
Confesso que hesitei, duvidei e até mesmo pensei em desistir.
Entretanto, nesse momento de angústia e dúvida, tive o apoio de pessoas muito importantes, principalmente da minha família e de professores que acreditaram em mim, tornaram-se meus primeiros clientes e depois amigos. Aqui deixo a minha saudade de uma grande mestra: Ivelise Amato, que agora deve estar passeando pelas estrelas…
Enquanto aqueles que se formaram comigo estavam ganhando salários na casa dos milhares de reais, eu comecei a minha jornada profissional com supremos R$ 300,00 mensais. Era um valor muito baixo, contudo gratificante: eu estava conquistando cada real, como muito suor – ou melhor, LER – e lágrimas.
Sempre fui paciente e extremamente econômico, então mesmo com as contas apertadíssimas, mantive-me focado e motivado e, com o tempo, mais clientes apareceram, mais projetos surgiram e enfim as coisas melhoraram.
Baixos e altos
Contudo, a vida dos prestadores de serviço no Brasil não é fácil e houve momentos – muitos – de vacas magras, pele e osso, aliás, por isso aprendi desde cedo a poupar para poder sobreviver durante as instabilidades.
Temos sempre que estar preparados para escalar montanhas e para aguentar as privações em buracos frios.
Eduardo, sua história é bonita, mas e a economia? E a literatura?
Só mais um pouquinho, tô chegando lá…
Constante reinvenção
Em todos esses anos de carreira, precisei me reinventar diversas vezes, algumas pelas circunstâncias do mercado, outras por vontade de mudar.
Passei de Desenvolvedor Web (fazia sites simples em php, html e css) para Estrategista Web (trabalhava com planejamento estratégico para os negócios se destacarem no meio online) e, enfim, assumi com Produtor de Conteúdos.
Hoje atuo para criar soluções informativas exclusivas para empresa e profissionais.
E a literatura, Eduardo!!!!!!
Calma!
Se a vida te dá limões, faça uma paleta mexicana!
Durante todo esse tempo, eu já vinha desenvolvendo projetos segundo a Economia Criativa, mesmo sem saber da existência desse termo.
Sempre busquei fugir do mais do mesmo e oferecer exclusividade e personalidade a cada solução estruturada.
Confesso que esse não foi o caminho mais fácil, pois a maioria dos negócios sempre preferiu o seguro ao experimental, mesmo que esse tivesse 100% de acordo com os objetivos.
Mas nos últimos anos, principalmente depois de 2010 isso vem mudando, o que abre um leque de oportunidades para quem está disposto a inovar.
Agora sim, a literatura!
Quando falo que estamos vivendo num momento único e maravilhoso, não é da boca pra fora.
Faça um exercício simples: abra qualquer rede social, vá até a sua lista de amigos e veja quantos são escritores, ilustradores, capistas, revisores, editores, quadrinistas e afins?
Bastante gente né?
Com a evolução da internet, dos hardwares, conexões e, acima de tudo, dos ambientes de interação, as pessoas puderam se expressar, puderam compartilhar seus trabalhos.
E muitos, agora, podem ser profissionais do livro.
Economia criativa é usar conhecimento, criatividade e capital intelectual como recursos produtivos. E isso é perfeito!
Isso vai de encontro ao que sempre acreditei: trabalho não é crachá, cargos ou status. Trabalho é a nossa capacidade de gerar soluções interessantes para as demandas que nos apresentam, seja numa indústria, numa pequena empresa ou como no meu caso, num home office.
Um mundo de palavras a ser explorado
E com esse novo modelo mercadológico que se constrói a cada dia, cada um de nós tem a possibilidade de desenvolver a sua carreira e encontrar o seu público.
Podemos escolher nossos caminhos e usar ferramentas e aplicações para facilitar o acesso ao nosso trabalho.
Um exemplo: os e-books!
Quando eles surgiram, muitos torceram o nariz – e ainda torcem. Diziam que eles desvalorizavam os escritos, que não tinham o mesmo impacto de um impresso, enfim…
A minha opinião sobre isso é: nós vendemos conteúdo, a maneira como esse vai ser consumido, o leitor escolhe!
E-book, impresso, talhado na pedra, audiobook, não importa! É a diversidade que nos possibilita desenvolver um trabalho abrangente. E só com essa permeabilidade, com essa capilaridade é que podemos ter uma boa percepção de valor.
Case de sucesso
Quando a Draco investiu numa campanha junto a Apple e O Andarilho das Sombras teve mais de 50.300 downloads no iBooks, Erick Sama e eu tínhamos certeza que isso alavancaria as vendas dos livros e contos.
Dito e feito: tanto os e-books (em todas as livrarias virtuais) quanto os impressos, tiveram um ótimo acréscimo nas vendas.
E o porquê disso é simples: quanto mais o nosso nome e a nossa marca, se espalham, mais somos reconhecidos e maiores são as chances de aquisição. É assim que as empresas fazem a gestão dos seus produtos.
Enfim, estamos em meio a uma etapa de transição do capitalismo (pense em Uber, Airbnb, startups…) e ela vai gerar ótimas oportunidades para quem enfrentar os desafios, buscar a vanguarda e, acima de tudo, investir naquilo que é mais importante: o outro ser humano que vai interagir com o nosso trabalho.
Vamos juntos nessa?
Até mais!