Ontem eu estava ansioso para assistir pela TV o show do Aerosmith no Monster of Rock. Então as luzes se apagaram, veio a apresentação de abertura e logo surgiu das sombras a dupla Tyler Perry, que junto com a banda, soltou a sonzeira de Back in the Saddle.
Fodástico.
Entretanto, quando a câmera deu um sobrevoo na plateia, vi uma cena estranha. Todos parados, mãos para o alto, filmando com seus celulares. Pouquíssimos, raros mesmo, pulavam curtiam ou vibravam.
Olhei para a Estela e disse: “Deve ser porque é a primeira música”. Logo depois prosseguiram com a ótima Love in Elevator, eu pulando do sofá, cantando, e lá na plateia a mesma semiapatia.
A preocupação estava no foco, no zoom, no enquadramento. A música e a performance dos artistas era apenas plano de fundo.
E isso prosseguiu pela duração do show. Aliás, eu já tinha achado estranha essa postura no show do Whitesnake.
A alienação tecnológica
Hoje, refletindo melhor, vi a coerência do ocorrido. A nossa sociedade está assim. Nas academias, restaurantes, parques, no cinema, as pessoas vivem de cabeças baixas, dedilhando freneticamente seus dispositivos móveis.
E os momentos, o presente são diluídos entre caracteres, fotos e filmagens.
Estive no show do Aerosmith quando eles vieram para SP da última vez. Não tenho uma foto.
Do show do Iron Maiden no Chile, tenho uma foto da pirotecnia inicial. E isso se repete em todos os shows. E mesmo dos passeios e viagens, tenho belos registros, mas não são álbuns e mais álbuns.
Gosto de experimentar de corpo e espírito os momentos, sentir a música, a brisa, as sensações. Amo estar imerso pelo novo. Viver o agora.
E desses ricos tempos, sempre tiro ótimas lições, experiências e ideias. Como a desse post.
Até mais!