Eduardo Kasse, muito prazer!
Escritor e roteirista

Não é meu? Então que se dane!

Como uma ida ao supermercado em dia de feirão de frutas, verduras e legumes pode causar indignação e raiva.

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desperdicio
Estragar de propósito é foda.

Sim, eu também sou dono de casa e faço compras nos feirões dos supermercados. E me revoltei com algumas cenas que vi.

Cena 1. O repositor do mercado trouxe um caixote com maçãs. Bonitas, vermelhas, bem organizadas.

Sem qualquer cerimônia, virou o caixote sobre a bancada e pelo menos umas 20 frutas caíram no chão. As que estavam com “fácil acesso” ele pegou e jogou sobre as outras. As demais chutou para debaixo da bancada.

Vi a cena se repetir com mais duas caixas e daí me afastei.

Cena 2. Urubus Pessoas se debruçavam sobre a carniça o monte de alhos para escolher os “melhores exemplares”. Os demais eram jogados para os lados e muitos, lógico, iam para o chão.

Cena 3. Um grupo de idosas fazia questão de quebrar as pontas dos quiabos. E aqueles que elas julgavam inadequados, ficavam lá, partidos, fadados ao lixo.

Assim, o setor de hortifruti tinha pelo menos 15% dos produtos caídos no chão, pisoteados e estragados. E mesmo os das bancadas eram amassados pela falta de cuidado e responsabilidade dos repositores e dos clientes.

Cacete! Em um mundo com tanta gente, com cada vez menos diversidade de produção agrícola e com a fome em altos níveis, esse desperdício é repugnante.

E a culpa é de quem? Gerentes de setor, funcionários e compradores, ou seja, de toda a cadeia de consumo.

E ainda teve mais!

Cena 4. A “moça do caixa”, com uma delicadeza ímpar, passava os produtos pelo leitor de código de barras e os empurrava sem qualquer cuidado para a mesa de empacotamento. Frutas, garrafas, não importava.

Enfim, vejo as pessoas pedindo mudanças no país. E isso é ótimo, mas como eu já disse anteriormente, é preciso consciência e respeito. Inclusive nas pequenas e rotineiras posturas individuais.

Até mais!

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