Lembro-me de um consultor que conheci lá no começo da minha carreira me dizer: vista um bom terno, use sapatos caros, invista num prendedor de gravatas reluzente e num relógio “de marca” que você já terá meio caminho andado com o cliente.
Como eu havia acabado de sair da faculdade eu comprei essa ideia – comprei a ideia, pois o relógio “de marca” e os sapatos caros não tive como. 🙂 Nos meus primeiros contatos empresariais eu parecia um perfeito almofadinha.
E isso me trouxe contratos melhores?
Não!
Os clientes viam que eu era um “novato”, inexperiente e cru. Sugavam o meu sangue sem dó. Talvez seja por isso que criei a Série Tempos de Sangue, com imortais sedentos. Uma vingança subconsciente? Brincadeirinha!
Nem ligavam para o tal terno bem passado!
Depois de um tempo, já mais calejado e orientado por alguns tutores maravilhosos que conheci pelo caminho, entendi que eu não deveria tentar ser alguém que eu não era. Quem me conhece, sabe que me sinto incomodado em usar ternos. Juro que pensei em casar de bermuda! Hahahaha
Se eu iria conquistar o meu espaço e me destacar seria pelo meu conhecimento e habilidades. Eu seria simplesmente o Eduardo Kasse e ponto final.
Não seja apenas um reflexo de si mesmo
Usei esse exemplo do terno apenas porque foi um dos que mais me marcou. Tive dezenas de outros envolvendo carros, cartões de crédito e restaurantes chiques. Todos ligados ao status. À falsidade interesseira. Ao ego.
De lá para cá tento ser verdadeiro sempre. Em primeiro lugar comigo mesmo, e isso se irradia para os clientes, parceiros, colegas profissionais.
Sou o que sou, não tenho diversos perfis – nem sei se conseguiria administrar mais de um “Eduardo”. 😉
Seja como escritor, como produtor de conteúdo, como amigo, como o cara nas redes sociais, em todos os lugares vivo na minha integralidade. Para o bem ou para o mal.
E olha como essa mudança de postura surte efeitos concretos: deixei de atuar junto de alguns clientes ególatras e estritamente materialistas (uns mudaram de ramo, outros quebraram, uns dispensei). E essa transição foi natural, nada forçado, nenhuma briga, tudo dentro da paz e tranquilidade.
Os que continuaram e os novos clientes têm uma visão de mercado e uma postura profissional semelhantes às minhas. Trabalhar feliz sempre é melhor.
Sou um cara simples: gosto de ensinar e aprender; sou viciado em compartilhar conhecimentos e vivenciar novas experiências.
Acredito que o mercado se tornará mais justo quando os profissionais pensarem e agirem de verdade em prol da colaboração e da ética, criando círculos de valor que vão aumentando a cada dia, a cada novo membro que absorve e aplica esses conceitos.
Utopia? Para mim não…
Está calor demais para usar máscaras! 🙂 Não quero que vejam apenas o meu reflexo, quero que me conheçam mais profundamente – sem pensar besteira, hein!
Eu quero me desnudar e mostrar o meu lado humano. O mercado quer robôs e ternos bonitos, mas lembre-se: ele é feito de pessoas, para pessoas! Quando os profissionais despertarem e tiverem essa consciência, as coisas mudam.
Vamos juntos nessa?
Até mais!