Eduardo Kasse, muito prazer!
Escritor e roteirista

O dia em que viramos estatísticas

A vida humana é apenas um ponto no gráfico.

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crimeHoje furtaram o nosso carro. Por “sorte”, o meliante – se eu chamar de vagabundo será que alguém dos direitos humanos vai se magoar? – agiu depois que a Estela já estava longe.

Eu estava trabalhando, em uma reunião, quando recebi a ligação da minha esposa dizendo: “levaram o nosso carro”.

De pronto quis saber se estava tudo bem. Depois acalmei-a dizendo que iria buscá-la, mas ao desligar o telefone veio um misto de frustração, impotência e raiva.

A gente trabalha, acorda cedo, dorme tarde, pensa, soluciona, produz, enfim, faz o melhor para termos o nosso dinheirinho e as nossas coisas para vir um merda – opa, agora fui ofensivo com um desfavorecido? – e levar o fruto do nosso esforço num piscar de olhos?

Dureza…

E dói mais se pensarmos que pagamos impostos altíssimos e não temos retornos compatíveis, seja na saúde, na educação e claro, na segurança.

E se falarmos das empresas que também nos sacaneiam com serviços caros e de qualidade duvidosa?

Nossa, estamos sendo roubados 365 dias por ano! Desde que abrimos os olhos nessa terra.

Somos apenas massa de manobra, pontos em estatísticas de criminalidade, desemprego, doenças mentais etc.

Viramos planilhas e tabelas que são bradadas nos comícios e que são engavetadas logo em seguida.

Mas tudo bem, ano que vem é ano de eleição, ano de o governo mostrar um mundo que não existe e da oposição pintar quadros com soluções que nunca farão quando no poder…

Enfim, esse foi um desabafo, de alguém como você, que batalha numa luta injusta, mas por teimosia ou burrice, prossegue de cabeça erguida, enquanto toma pancada de todos os lados.

PS.: No porta malas havia 25 quilos de ração que doaríamos para um cuidador de cães e no banco traseiro o meu guarda-chuva de estimação, que me acompanhava firme e forte há mais de uma década…

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