Eduardo Kasse, muito prazer!
Escritor e roteirista

O palco da vida: o circo sem o pão

O mundo se encontra em um turbilhão de pequenas artes sem valor. E o povo, hipnotizado, aplaude.

Publicado em:

Por:

Ao proclamar: “a arte imita a vida e vice-versa”, os nossos teóricos de palco se orgulham incansavelmente dessa “façanha” humana. Eles devem ter os seus motivos – ou melhor – devem lucrar com isso, enquanto nós somos bombardeados com essas pequenas demonstrações do turbilhão caótico que rodeia o mundo.

Sim, a arte imita a vida! Mas, o que vemos é uma desenfreada busca por assuntos vagos e simplistas, discussões sem nexo e afirmações banais. Filosofia de esquina!

Decadência… Nós, seres racionais, ápice da cadeia evolutiva! Comparados a animais animando a vida de milhões de expectadores. Triste realidade nossa, nosso reality show cotidiano, nossas aflições diáfanas e teatrais através das lentes.

Hoje tudo parece forjado, as amizades, as inimizades e os desejos. Nossas intimidades são expostas tais quais frangos em padarias: nuas e gostosas! O povo gosta disso! É o seu calmante e o seu ânimo.

Infelizmente é apenas a pequena condição de existência seguindo o seu inexpressivo caminho de cobiça, vendas e digestão extracorpórea, aceitação incondicional aos conceitos de alegria e felicidade. São as máscaras, a realidade espelhada e distorcida… Realidade aceita e conhecida!

Não interessa o saber e o desenvolver: avantajadas regiões glúteas e músculos grandes bastam para satisfazer as necessidades e os sonhos humanos. Viu, tudo é tão simples!

A que ponto chegamos! Pessoas trancafiadas em mansões: peitos inflados e cérebros tão desnutridos! Sorrisos perfeitos, mas ao abrir a boca…

Porém, tudo está bem enquanto houver Sol, samba e praia! E desfiles de lingerie! Não importa se as nossas escolas estão aos pedaços e as nossas crianças perecem ignorantes. Isso não comove a nação do Carnaval! Essa vida a arte não quer imitar, nem sequer conhecer!

Vivemos no paraíso das festividades, a música brazilis quebra barreiras com apenas algumas palavras sem sentidos e sons fáceis, cativantes. Enquanto o som de serras elétricas e do nosso dinheiro sendo jogado na sarjeta é ignorado! Não importa, ainda temos cervejas e mulheres e dinheiro para fumar um cigarro… Do que mais precisamos? A humildade é a chave do sucesso…

A vida imita a arte! Artistas que somos! Nômades nessa terra varonil! Nesse palco Brasil, somos os palhaços que fazem os expectadores sorrirem e saírem satisfeitos com as nossas trapalhadas e espírito fanfarrão…

É isso?

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp