Sempre são divulgados dados do tipo: brasileiro lê pouco; X% dos brasileiros não tem o costume de ler, etc. etc.
São dados preocupantes? Sim. Devemos ficar obcecados neles? Não.
Acho muito mais produtivo investir energias nos apreciadores da literatura e, principalmente, no público-alvo dos nossos livros. E, mesmo com todas as defasagens que temos por aqui, é um bocado de gente!
Centenas de milhares de pessoas ou mais. Isso contando somente aquelas no território nacional.
Mas como eu encontro o meu público?
O primeiro e mais importante passo é ter a sua identidade bem definida. E por favor, isso não quer dizer escrever sempre a mesma coisa! Pense nos seus autores prediletos, muitos deles têm obras bem ecléticas, e mesmo assim criaram uma identidade, um perfil profissional reconhecido e relevante.
Esse é um trabalho que requer extrema sinceridade e autoconhecimento:
- Quem sou eu profissionalmente?
- Qual é o meu perfil?
- Que tipo de trabalho me faz sorrir?
- Qual é o estilo que contém a minha alma?
- Onde eu quero chegar?
Essa análise não é fácil e nem tão óbvia. Contudo, antes de se apresentar ao mercado é preciso se conhecer muito bem, pois só com transparência e convicção poderemos envolver os nossos leitores.
Quanto mais realista for a nossa percepção de nós mesmos, melhores são as chances de evoluirmos.
No marketing há um conceito muito valioso: conheça perfeitamente os seus produtos, os pontos fortes, as deficiências, as aplicações. Acredite naquilo que vende, pois só assim poderá conquistar o cliente.
Acreditar. Esse é o ponto-chave.
Não adianta escrever por modismos, pelo “ouvi-falar-que-esse-tema-vai-bombar”. A boa literatura sai da alma!
Não ganhe o mundo e perca sua alma; sabedoria é melhor que prata e ouro. – Bob Marley; música: Zion Train
Vendas são importantes, mas nunca devem ser o nosso foco
Vejo muitos colegas de profissão que ficam muito preocupados com as vendas, com os números. Lógico que elas são essenciais para termos um retorno financeiro do nosso trabalho, contudo, se focarmos nossas energias somente nessa etapa, a chance de nunca “estourarmos” é muito alta.
Sempre digo que construir uma carreira segue os mesmos moldes e parâmetros da construção de uma casa: alicerces fortes, paredes retas e um telhado bem estruturado. Esses são os três pontos principais.
Alicerces fortes. A nossa carreira precisa ser fundamentada em bases sólidas, tanto de conhecimento e habilidades, quanto de vontade e felicidade. Sim, felicidade! Se não tivermos alegria em trabalhar algo está errado. É melhor reavaliar a carreira e deixar de se iludir. Escrevemos para nos realizar e, assim sendo, independente das condições externas, essa atividade nunca deve ser um fardo.
Paredes retas. Uma carreira próspera só se constrói com corretude, com retidão e ética. Para me destacar não preciso menosprezar ou repudiar o trabalho de outros. Ao contrário: devo somente me esforçar para trilhar o meu caminho da melhor maneira possível, ensinando, aprendendo, experimentando e vivenciando cada etapa. O sucesso ou o fracasso dependem exclusivamente da minha capacidade de entender as nuances e vencer os desafios.
Telhado bem estruturado. Se uma casa estiver cheia de goteiras e vazamentos, o seu interior se deteriora. Assim também acontece com a nossa carreira. Ruídos, maldades, inveja e todos os tipos de intervenções e relações nocivas nos rodearão diariamente. Não há como evitar. O que podemos fazer é nos preparar para nos tornarmos “vedados” a elas. Meditação ajuda muito!!!!
Não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. – Mahatma Gandhi.
Somente criando essas bases, conservando-as diariamente, é possível desenvolver relevância e uma percepção correta do valor do nosso trabalho.
Quando conquistamos esse respeito as vendas acontecem naturalmente. Experiência própria.
Primeiro precisamos nos apresentar, mostrar a que viemos para depois convidar os leitores a seguirem a jornada conosco.
A nossa carreira (a nossa vida, aliás) é dinâmica, é a busca por um caminho. Há trechos que trilharemos sozinhos, outros teremos companhia. E é sempre melhor estar ao lado de pessoas interessantes, com conteúdo. Elas podem compartilhar ou discordar das nossas ideias, essa troca sempre é valiosa. O importante é encontrar parceiros de caminhada com vontade de avançar sempre.
A vida é muito curta para ser pequena. – Benjamin Disraeli
Como eu disse lá no começo: um grande número de leitores no Brasil. Basta entrarmos em sintonia com eles e lhes oferecer algo interessante para cativarmos a sua atenção, cumplicidade e fidelidade.
A jornada não é fácil, mas vale muito a pena.
Vamos juntos nessa?
Até mais!