Escrever é o caminho que encontrei para me expressar e compartilhar as minhas histórias e os meus conhecimentos. É por meio das palavras que consigo instigar sensações, libertar sentimentos, causar algo em alguém. É escrevendo que eu me realizo.
Por isso, diariamente, dedico-me à escrita. Sem ela meu dia – minha alma – ficam vazios.
Assim sendo, como de costume nesse blog, quero lhe apresentar uma ideia – meio doida, claro – que tive, mas muito representativa do meu modelo de produtividade, seja para criar meus livros ou outros conteúdos.
Vamos nessa?
Preliminares
A escrita é um projeto. Assim como desenvolver um aplicativo ou construir uma casa ou iniciar uma produção de vegetais, criar um texto, uma história, depende de vários conceitos e requisitos que vão muito além da inspiração e da criatividade (ambas são a base).
Há uma regrinha que ajuda bastante antes de começarmos a digitar freneticamente:
- Por quê? Aqui você define as motivações. É um autoestudo importante para não cairmos num problema grave: o de escrever “mais do mesmo”.
- O quê? O que vai ser escrito? Qual é o assunto? Qual é a identidade que criarei para essa obra?
- Para quem? Conhecer o público-alvo é essencial para adequar o “peso, os focos e o estilo” da nossa escrita.
- Como? É melhor oferecer essa história num conto? Numa novela? Num romance? Numa série?
- Quando? Eu acho importante definir metas: isso ajuda a evitar a temida procrastinação.
Feito esse estudo preliminar, é hora de acelerar e começar e fazer a caneta correr gostoso no papel! Ou os dedos no teclado…
O.R.G.A.S.M.O.
O objetivo maior da vida é gozar – aqui os sentidos e profundidade disso, deixo contigo. 😉
E com isso em mente, resolvi me apoderar o termo e brincar um pouco. Afinal, a gestão clássica pode ser cansativa demais!
Vem comigo que estamos chegando lá! Ui!
Organização
Nossas ideias costumam vir em turbilhão para a nossa mente. E, nem sempre, o que escrevemos pode estar coerente, principalmente em textos mais longos. Não basta que a gente compreenda: o leitor precisa absorver aquilo que lê!
Assim sendo, a organização é o primeiro passo fundamental para desenvolver um processo de escrita. Organize os personagens, os locais, as sequências de cenas, enfim, tudo aquilo que vai usar na história. Links de pesquisa inclusive!
Revisão de metas
Toda história tem um objetivo (ou vários). Seja chegar em algum lugar, conhecer alguém, resolver tal dilema etc. Contudo, no meio da escrita, podemos nos perder ou ter desvios desnecessários de rota, que podem parecer imperceptíveis no começo, mas que podem causar impactos prejudiciais no final.
Definir metas é uma forma de manter o norte, de corrigir – ou mesmo refazer – trechos que estão fora do previsto, que ficaram incoerentes ou estranhos. Veja: isso não cria barreiras para a liberdade criativa, ao contrário! Isso ajuda a criar sem se perder.
Gerenciamento
Essa etapa é VITAL para quem escreve textos mais longos, pois ajuda a evitar os temidos spoilers. Quando eu estava escrevendo o Deuses Esquecidos, segundo livro da Série Tempos de Sangue, já no primeiro capítulo, dava uma informação que tiraria todo o suspense sobre determinado personagem.
Durante a escrita não percebi isso – estava inspirado pela Musa e digitando como um louco. Só consegui pegar esse furo por ter feito um bom gerenciamento da obra e dos personagens, por meio de arquivos-extra. Ajustei e segui em frente. E o suspense aconteceu da forma correta.
Estamos indo bem, fazendo gostoso, não é? Estamos indo para os finalmentes, mas antes, quero lembrar que todas as etapas do O.R.G.A.S.M.O. são cíclicas e devem ser acionadas conforme a necessidade durante a escrita. Afinal, nada que é mecânico é sensacional! Ui!
Análise
Costumo fazer uma pausa na escrita a cada capítulo finalizado, assim posso conferir se tudo está se amarrando e se os impactos pretendidos com as cenas se cumpriram.
Confiro também se as identidades dos personagens estão corretas, se os impactos dos acontecimentos em cada vida tiveram um “desfecho” convincente. Um bunda-mole não pode se tornar fodão do nada, por exemplo.
Nessa etapa começo a limpar os ruídos na escrita e a preencher lacunas.
Soluções
Assim como na vida real, os habitantes das nossas histórias têm dilemas e problemas que requerem soluções e, apesar de eu escrever literatura fantástica, essas não podem ser fantasiosas.
Além disso, verifico também pontos como:
- Ambientação
- Distâncias
- Coerência temporal
- Coerência segundo as escolhas e decisões.
Metodologia
Como citei logo acima, esse não é um estudo linear, é cíclico e pode ser feito até mesmo fora dessa ordem sugerida.
Aqui, nessa etapa eu verifico se os trechos que escrevi não estão maçantes, apressados, ou fora de tom.
Por exemplo, há situações que um diálogo resolve melhor que uma descrição.
Noutras, uma canção pode dar mais impacto que um diálogo.
Há vezes que uma expressão facial diz tudo. Noutras, é preciso contar mais.
Por isso, precisamos ter técnicas e artifícios para sempre oferecer aos nossos leitores os momentos mais interessantes.
Ta-tamos qua-quase lá! Sinto que o-o jorro fi-final se aproxima. Vem co-comigo…
Observação/Otimização
Ao fechar a história, depois dela descansar um tempo, releio tudo com a ideia de ser um mero observador. Assim consigo ver se a floresta é mesmo uma floresta. Se o pão tem o aroma de pão. Se a morte de tal pessoa deu certo, ou apenas causei um hematoma . 😉
Esse realismo é muito importante para a qualidade final do texto, pois só assim podemos cativar, envolver e imergir o leitor.
E, se algo falhou, se ficou morno ou desconexo, é o momento para otimizar. E pedir a opinião de pessoas de confiança ajuda muito, assim podemos ter percepções diversas que vão nos ajudar a afinar e refinar o texto.
Viu? Terminamos com um orgasmo duplo! Espero que tenha sido bom para você, assim como foi para mim. Até breve!