
Essa pintura é a minha obra-prima.
A minha alma está nessa composição.
Transcrevi a minha essência nesse livro.
Por diversas vezes já ouvi – e mesmo pensei – coisas do tipo. Afinal, por mais racionais que sejamos, criar é deixar-se iludir um pouco. Ou muito, dependendo do caso.
Entretanto, a arte e o business não são excludentes, ao contrário, quando bem pensados podem formar um binômio de valor.
Para o bem ou para o mal, precisamos de recursos financeiros para viver. E se a criação é o nosso trabalho, nada mais justo do que ser remunerado pelo nosso conhecimento, tempo e esforços investidos.
Por isso, há uma grande diferença entre quem “cria” por hobby e quem considera isso parte da sua carreira.
Assim, um bom livro que é best seller nas livrarias tem o mesmo valor de um clássico conhecido somente por meia-dúzia de entusiastas. Qual é o problema em ganhar dinheiro por um trabalho bem feito?
Qual é o problema de um artista reproduzir suas pinturas e vendê-las para os interessados? Ou de um compositor negociar suas melodias com diversos artistas?
Vejo vários mimizentos que bradam em CAIXA ALTA que tal escritor é um vendido. Tal compositor está fazendo músicas comerciais e blábláblá e blóblóbló.
Cacetas!
Isso soa como inveja em alguns casos.
Se a arte tem qualidade é preciso ser disseminada mesmo. E o seu criador tem todos os direitos de ser próspero por meio dela. Ponto final.
Veja: eu escrevi O Andarilho das Sombras e também os futuros livros da Série Tempos de Sangue baseados nas minhas ideias, ilusões e também no meu espírito. E torço e trabalho para que cedo ou tarde as minhas obras cresçam ainda mais e estourem no mercado literário. Por que não?
A discussão deve ser em torno da valorização do conhecimento e da criação. É melhor focar nesses aspectos e tentar evoluir os negócios – sim, os negócios.
Assim, a visão de cabresto da arte versus comércio precisa ser enterrada. Para o bem das próprias artes e de toda a cadeia produtiva.
Até mais!