Eduardo Kasse, muito prazer!
Escritor e roteirista

Seu trabalho é arte. Mas também é um produto

Vejo muitos escritores, músicos, ilustradores etc. colocando esses dois conceitos em disputa, quando o ideal é pensar na junção deles.

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arte_e_vendas
O valor do seu trabalho.

Essa pintura é a minha obra-prima.

A minha alma está nessa composição.

Transcrevi a minha essência nesse livro.

Por diversas vezes já ouvi – e mesmo pensei – coisas do tipo. Afinal, por mais racionais que sejamos, criar é deixar-se iludir um pouco. Ou muito, dependendo do caso.

Entretanto, a arte e o business não são excludentes, ao contrário, quando bem pensados podem formar um binômio de valor.

Para o bem ou para o mal, precisamos de recursos financeiros para viver. E se a criação é o nosso trabalho, nada mais justo do que ser remunerado pelo nosso conhecimento, tempo e esforços investidos.

Por isso, há uma grande diferença entre quem “cria” por hobby e quem considera isso parte da sua carreira.

Assim, um bom livro que é best seller nas livrarias tem o mesmo valor de um clássico conhecido somente por meia-dúzia de entusiastas. Qual é o problema em ganhar dinheiro por um trabalho bem feito?

Qual é o problema de um artista reproduzir suas pinturas e vendê-las para os interessados? Ou de um compositor negociar suas melodias com diversos artistas?

Vejo vários mimizentos que bradam em CAIXA ALTA que tal escritor é um vendido. Tal compositor está fazendo músicas comerciais e blábláblá e blóblóbló.

Cacetas!

Isso soa como inveja em alguns casos.

Se a arte tem qualidade é preciso ser disseminada mesmo. E o seu criador tem todos os direitos de ser próspero por meio dela. Ponto final.

Veja: eu escrevi O Andarilho das Sombras e também os futuros livros da Série Tempos de Sangue baseados nas minhas ideias, ilusões e também no meu espírito. E torço e trabalho para que cedo ou tarde as minhas obras cresçam ainda mais e estourem no mercado literário. Por que não?

A discussão deve ser em torno da valorização do conhecimento e da criação. É melhor focar nesses aspectos e tentar evoluir os negócios – sim, os negócios.

Assim, a visão de cabresto da arte versus comércio precisa ser enterrada. Para o bem das próprias artes e de toda a cadeia produtiva.

Até mais!

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