Eduardo Kasse, muito prazer!
Escritor e roteirista

Sobre consciência, palavras ao vento e formas de protesto

A revolução se faz em diversas frentes. Mas sempre é bom começarmos por nós mesmos.

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armas
Use suas habilidades para protestar.

Há alguns dias, temos visto o Brasil ser sacudido. Cedo ou tarde isso iria acontecer. Até mesmo a passividade da terra do samba e do futebol tem limites.

Todas as motivações que vi são válidas, dos tais R$ 0,20 até o saco-cheio com a corrupção. E, assim como são válidas as manifestações, também são os pedidos de ordem. O importante é não haver selvageria. De nenhum dos lados.

Esse post não tem como objetivo falar sobre isso. Certamente há outros formadores de opinião com muito mais embasamento e experiência para discutir sobre esse tema.

O que eu quero é trazer a conversa para um nível um pouco mais interior, para a nossa consciência.

Antes de gritar, que tal olhar para dentro?

Vou usar alguns exemplos “bobos”, mas que irão ilustrar bem a linha de raciocínio apresentada.

Exemplo real 1. No bairro onde moro, há várias casas sendo construídas, muitas delas por construtores – aqueles que compram o terreno, constroem e vendem o imóvel.

Pois bem, sobre as manifestações ouvi de um deles: “tem que fazer mesmo, esse país está uma zona, ninguém respeita nada, o povo só paga a conta com juros etc. Falta pensar no próximo”.

A plateia de pedreiros concordava e se alegrava muito com a postura do patrão solidário.

Tão logo acabou o discurso, ateou fogo em um monte de madeira e restos de sacos de cimento, formando uma nuvem de fuligem e fumaça que sujou os quintais de muitas pessoas. O meu inclusive. Aliás, o meu quarto ficou forrado de cinzas, pois eu deixei a janela aberta.

Exemplo real 2. Um camarada “bombadão” parou o carro em uma vaga de idosos. Pegou sua mochila e foi correr na esteira da academia conversando com o amigo sobre “mudar o Brasil”.

Exemplo real 3. Empresário bem-sucedido, com status de bambambam e aclamado pelo gado pela equipe, falou sobre a importância da mobilização nacional, sobre lutar pelos direitos etc. Continuou a apresentação e no final emendou: “amigos consultores, entendam, o que vale na sociedade é o poder, a influência e o dinheiro, não importa o que você precise fazer para conquistá-los”. Foi ovacionado de forma ensandecida.

Esses três exemplos não me foram contados, eu vi e vivi.

Como está a consciência das pessoas? Protestar da boca pra fora é fácil. Exigir, todo mundo exige, mas e mudar a postura?

Sabe, se todos levassem as suas vidas com ética e respeito, principalmente na hora do voto, das compras (protesta, mas paga R$ 400,00 para ver jogos da Copa das Confederações) e da interação com o próximo, esse país estava uma maravilha. Concorda?

E antes que bradem: você devia estar nas ruas, ao invés de ficar com a bunda na cadeira, respondo: cada um deve protestar com o que sabe fazer melhor.

Uns tem o dom de mobilizar, outros do enfrentamento, eu sei escrever e bem ou mal, assim faço a minha parte.

Vamos juntos nessa?

Até mais!

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