Espera um pouco, Eduardo, como uma tarefa chata como lavar louça te trouxe paz? Está ficando louco?
Bem, acho que não! Na verdade, creio que esse insight veio em um momento de grande lucidez. Vamos lá?
Além de escrever e ficar com os meus cães, gosto demais de cozinhar e comer. Sempre que tenho tempo, assumo o papel de chef e invento pratos segundo a minha criatividade gustativa e olfativa. 🙂
A comida pode ser um portal ao conhecimento
Semana passada resolvi fazer uma lasanha de berinjela – se quiser a receita, pode me pedir – montei-a com carinho na assadeira e levei ao forno preaquecido.
E depois de pronta, Estela e eu saboreamos a delícia bebendo suco integral de uva.
Mas voltemos ao assunto-base desse post.
Depois do desfrute, do saborear e encher a pança veio a tristeza: o momento de limpar a sujeira e lavar o mundaréu de louça.
E, enquanto eu esfregava vigorosamente a assadeira, desincrustando o queijo e removendo a gordura, veio-me uma visão sobre carreira e prosperidade profissional:
- Há momentos em que desenvolvemos trabalhos muito envolventes, que nos cativam e nos deixam felizes e motivados (montar a lasanha).
- Enquanto tudo matura (tempo de cozimento), ficamos ansiosos, afoitos por saber qual será o resultado de tanto esforço. De tempos em tempos, checamos para ver se o andamento está ok, assim como fazemos revisões, análises, ajustes e acréscimos nos nossos projetos.
- Ao término, há o primeiro impacto (o cheirinho bom, a aparência bonita da lasanha assada): a nossa satisfação pelo trabalho pronto.
- Daí vem a prova de fogo: quando a lasanha (as soluções que criamos, nossos livros, ilustrações, aplicativos, enfim, aquilo que produzimos) começa a ser experimentada, começa a ser comida. Se o resultado é um belo sorriso arroto, perfeito! Missão cumprida.
Essas são as etapas que são citadas nos livros de gestão (lógico que sem usar o exemplo de uma lasanha, rs), contudo, pouco se fala sobre o depois.
Aí é que entra a pia com a louça para ser lavada.
Como assim, Eduardo?
Explico: há vezes que ficamos tão imersos e centrados em um projeto que, depois que esse termina, temos certa dificuldade para reestruturar a nossa carreira. Temos dificuldade para seguir outros caminhos e ter outras visões.
Gostamos tanto dele – e isso é ótimo – que tentamos repetir a fórmula, os molhos, o preparo e, em casos mais graves, até mesmo a receita.
E o que acontece? Enjoamos.
Não conseguimos o mesmo impacto inicial, mesmo tendo alta qualidade.
Mas e a louça suja?
Ah sim, claro! Lavar a louça, para mim, foi uma analogia a limpar a mente e o espírito a fim de poder conhecer e conceber coisas novas. Na mesma assadeira (nossa carreira) podemos criar inúmeros e diferentes pratos.
Basta limpar todos os resquícios.
E foi essa compreensão que me trouxe a paz que citei logo acima.
Uno e único
Por isso que sempre sou a favor da identidade, da personalização e da individualidade de cada ação profissional. Prefiro demais o artesanal ao industrial.
Se hoje preparei uma bela lasanha, amanhã tentarei um frango assado, depois uma saladinha de folhas verdes, enfim, usarei os meus conhecimentos, habilidades e experiências bem-sucedidas (e malsucedidas também) para atuar segundo as necessidades e vontades dos envolvidos em cada projeto específico.
Só assim evitamos uma carreira monocromática e monótona. A cada novo dia, novos desafios e a possibilidade de criar, conhecer e experimentar novos sabores.
Vamos juntos nessa?
Até mais!