Sou motorista e pedestre. E nas duas condições sempre vejo barbaridades.
Quando estou dirigindo olho ao redor e vejo os motoristas indo para a guerra: semblantes fechados, corpos debruçados sobre o volante, dedos em riste para motociclistas, ciclistas, pedestres, cães, fantasmas…
Muitos acidentes acontecem por intolerância, não somente por fatalidade ou imperícia.
As pessoas já acordam estressadas e descarregam – ou tentam – suas frustrações durante o trajeto. O trânsito mata. O corpo e a alma.
Do outro lado, temos os pedestres. Que apesar de não estarem munidos da armadura de metal de um carro, entram de peito aberto na batalha: não respeitam as sinalizações, se arriscam com imprudências e por aí vai.
Pedestres não são santos. Santos não existem nessa história.
Contudo, há aqueles que tentam seguir as boas práticas. E por incrível que pareça, esses são achincalhados pelos demais, como se vivessem em um mundo de faz de conta. Afinal, a realidade é bruta.
Quantas buzinadas não tomamos por esperar senhoras atravessarem a rua?
Quantas fechadas não tomamos quando respeitamos um espaço de segurança ao lado de ciclistas?
Até empurrão já tomei por ficar parado na calçada esperando o sinal de pedestre abrir, para só então atravessar.
É…
Vejo gritos de “Não vai ter Copa” e outros brados da moda. Mas quando os berros vão ser substituídos por uma consciência mais coletiva e respeitosa?
Quando vamos mudar e evoluir de verdade?
Passei quatro dias no meio do mato na semana passada. E já estou sentindo falta do perfeito equilíbrio na natureza.
Agora deixa eu descer e pedir perdão aos meus cães por mantê-los nesse mundo de loucos.
Fui.