Nos dias 22 e 23 de setembro de 2018 estive em mais um Anime Guarulhos Festival, no Artist’s Alley. É um evento que curto fazer, pois, além de ser na minha cidade, há a possibilidade de apresentar ao público um conteúdo interessante, nacional e com qualidade (sim, todos os envolvidos no projeto dão o seu melhor a fim de trazer algo digno para os leitores).
Nos últimos anos, participei de dezenas de eventos, de todos os portes: uns muito grandes como CCXP e Bienais, outros que vendi apenas um ou dois livros. Alguns, mesmo com as vendas ruins foram muito legais pela energia, pelo interesse do público (que nem sempre tem grana), outros me deixaram exaustos (no melhor dos sentidos) de tanto autografar, tirar fotos e afins.
E nesse AGF vivi três experiências que vou compartilhar com você agora.
Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós – Franz Kafka.
1 – Muitos já conhecem e reconhecem o meu trabalho
Esse foi o evento que mais pessoas que compraram meus livros em outros lugares (livrarias, sebos etc.) vieram com eles para eu autografar.
Alguns ficavam receosos: Senhor Kasse, comprei os seus livros em uma livraria, mas queria o seu autógrafo, por isso vim. Teria como assinar? – uma jovem veio, toda tímida, com a Série Tempos de Sangue completa – os dois últimos livros ainda no plástico!
Outro, gente boníssima, disse que pegou O Andarilho das Sombras e o Deuses Esquecidos do amigo, leu e curtiu. Na bienal ele completou a série. E no AGF trouxe os dois primeiros (que agora são dele, rsrs) para eu autografar e ainda levou um Medieval.
Outros abriam um sorriso quando encontravam a minha mesa. Assim autografei vários Andarilhos, Deuses, Teias Escarlates e, para a minha surpresa, Vikings: Berserker que acabou de ser lançado.
Também foi o evento que mais vendi O Despertar da Fúria e Ruínas na Alvorada, os livros finais da pentalogia. Fiquei muito feliz em saber que os leitores leram os três primeiros e curtiram! Ah, o Ego, deixa ele se divertir só um pouquinho, ok?
Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro – Henry David Thoreau.
2 – Os dois lados da pirataria
Esse evento também foi o que mais tirei fotos com leitores que baixaram os “pdfs” dos meus livros, adoraram e vieram me mostrar.
Muitos, inclusive, tiravam fotos das capas e, segundos depois me falavam: Olha, acabei de baixar! Vou ler e depois comento.
Ahahaha se tiver um bom feedback ou uma boa avaliação em canais como o Skoob tá valendo!
Muitos não entendem que literatura é um trabalho e ser escritor é uma profissão. Estão tão acostumados a piratear filmes, músicas e afins, que seguem o mesmo padrão com os livros.
Outros sequer têm dinheiro para comer um lanche, quem dirá comprar um livro? Então, que baixem, leiam e aproveitem! Fico muito feliz nesses casos, em ver que, com todas as adversidades, a pessoa se interessa pela leitura, pela cultura.
Não no AGF, mas em outros eventos, leitores que baixaram os pdfs dos meus livros vieram, me contaram e compraram os impressos, porque curtiram demais. Coisa boa, não é?
Agora, livro meu, vai, vai para onde o acaso te leve – Paul Verlaine.
3 – Contando as moedinhas
Ela passou uma vez.
Ela passou novamente, agora mais devagar.
Na terceira vez, ela parou, olhou os livros e quando fui falar com ela, baixou a cabeça e saiu. Isso foi antes do almoço.
Meia hora antes de acabar o evento, lá pelas 17h30, ela voltou, meio sem graça.
– Oi, Eduardo. Você não se lembra de mim, mas no evento do ano passado, conversei com o senhor (agora, muitos me chamam de senhor. Estou tão velho assim? Hehehe), mas tenho certeza que não se lembra de mim.
– Confesso que não me lembro mesmo. São tantos eventos…
– Eu sei, acompanho as suas redes sociais.
– Que legal!
– É que eu queria comprar O Andarilho das Sombras. Quanto está?
– Em eventos, eu faço com desconto, de R$ 57,90 por R$ 45,00.
A moça fez uma cara triste e agradeceu.
– Quanto você tem?
– Só R$ 35,00, se eu voltar para casa a pé.
– Me dá R$ 30,00 e você pode pegar o seu ônibus.
Nunca vi um sorriso tão animado, tão espontâneo, tão sincero. Autografei o livro e ela o abraçou como se fosse feito de ouro.
E, hoje cedo, recebo um e-mail vindo do meu site com ela dizendo que devorou o livro no fim de semana e que valeu cada centavo.
Pronto, esse foi o meu melhor pagamento.
Enfim, quem diz que os brasileiros não leem deviam participar mais de eventos. Nem sempre temos boas vendas, mas sentimos o interesse sincero das pessoas.
Só sei que fico feliz que meus livros, em papel – novos ou comprados em sebos; e-books legalizados ou piratas, estão fazendo parte do dia a dia de muitas pessoas.
Minhas palavras, de um jeito ou de outro, estão causando sentimentos e sensações. Estão proporcionando experiências aos leitores.
E esse é o caminho que escolhi trilhar!
Vamos juntos nessa?
Até mais.