Tento manter a rotina de sair sempre para passear com os meus cães. Na verdade, saio menos do que deveria (o ideal: dois passeios por dia, de manhã e de tarde), contudo, sempre que estou com eles, aprendo muito. E em todos os aspectos da minha vida.
Ontem fui dar uma longa caminhada com a minha cadela Pikena (que é pequena só no nome, rs) e ao fim do passeio, quando entramos na rua de casa, tive um insight. Não era nada novo para mim, mas sim um ensinamento que já tinha e nem sempre coloco em prática.
Permita-me compartilhar com você.
Latidos valem tanto quanto palavras de sábios
Eu tive um dia agitado. Cheio de afazeres, de demandas a serem finalizadas, tanto profissionais quanto pessoais (meu chuveiro partiu para o céu das duchas depois de lutar a boa luta e, como está bem frio, precisava achar um novo guerreiro para continuar o seu legado ou congelaria no próximo banho).
Acordei antes das 6h da manhã e fiquei num ritmo constante até parar lá pelas 17h30. Então resolvi passear com a senhorita Pikena. Porém, ao contrário do que costumo fazer, coloquei a guia nela enquanto ela ainda estava muito agitada e saí de casa nessa pilha.
Nos primeiros quarteirões, a bichinha estava afoita, puxando bastante, a guia retesada, tensa. Além de doer a mão, ela arfava, pois a pressão no pescoço estava grande.
Mesmo algo que ela não costuma fazer, aconteceu: latiu para os cachorros nos quintais.
Então eu parei.
Afinal, a culpa de tamanha instabilidade era minha, somente minha.
Seja sincero com você mesmo: como estão suas energias agora?
Paramos numa pracinha, sentei num banco e respirei fundo. Uma, duas, cinco, dez, vinte vezes. Coloquei a minha consciência somente na minha respiração, “esquecendo” tudo aquilo que estava ao meu redor: os carros, os latidos, as pessoas…
E, aos poucos, a Pikena relaxou, bocejou e se deitou no chão.
Milagre? Magia? Intervenção dos deuses? Não! Apenas reflexo das minhas energias.
Quando eu coloquei a guia nela, antes de sair de casa, a minha realidade naquele instante era de agitação, pressa, desconexão com o equilíbrio. E como somos tal como rádios, eu sintonizei nessa frequência e isso eu recebi de volta.
O universo é perfeito, não é? Porque mesmo as coisas mais simples, mais corriqueiras podem nos trazer lições valiosas.
Assim me levantei, agora em outra realidade, e continuamos o passeio, com a guia sem tensão, sem latidos, sem estresse, cada um de nós aproveitando o momento para se conectar ao todo: às pessoas, aos cheiros, aos sons, ao prazer de poder caminhar depois de um dia agitado!
O externo é criação nossa. Apenas nossa
Passamos por cães latindo. Por carros buzinando, por pessoas trotando estressadas, olhando fixamente para as telas dos seus celulares como se esse fosse o único mundo presente.
Pikena e eu seguimos leves, sem tensão, aproveitando cada passo. O mundo mudou? De certa forma sim!
Quando a nossa percepção, as nossas energias estão numa vibração melhor, tudo aquilo que é externo (na verdade, não existe externo e interno, tudo é único, mas isso é papo para outro momento) tem o significado que criamos para ele. Nos tornamos protagonistas da nossa história.
Eduardo… Então se eu sentir, pensar e agir dessa forma, o mundo será perfeito? Não. Contudo, o peso que daremos as nossas experiências muda!
Um projeto deu errado. Ótimo! É uma forma de aprender, evoluir e buscar novas maneiras de planejar e atuar.
Meu livro não vende. Perfeito! É uma oportunidade para se conhecer melhor, sem máscaras, sem filtros, buscando assim o caminho real para a carreira, para encontrar um público em sintonia com as suas ideias e histórias.
Tive uma resenha péssima. Sem problemas! Absorva aquilo que pode ser melhorado. Releve aquilo que é agressão vazia. E agradeça por poder experenciar os sentimentos verdadeiros de um leitor. Agradeça porque vivemos em uma época que é possível opinar, que é possível ter acesso ao público, sem viver numa bolha ilusória.
O agora é tudo que temos
Passado e futuro. O primeiro nos deixa saudosistas demais, pode, dependendo do apego, causar depressão. O futuro nos deixa sem ação. E pode, dependendo da percepção, nos causar muita ansiedade.
Temos somente o agora. Um cão não se preocupa se amanhã vai tomar vacina, ou se vai ao parque correr pela grama. Nem se terá carne no jantar.
Um cão vive o agora: cheirando traseiros, cavando a terra ou caminhando com o seu humano, seja esse um milionário ou um mendigo. Cães estão cagando para status e posses; só se importam com boas energias e amor. Outra lição valiosíssima.
Não podemos ser displicentes. Temos que planejar, sonhar, almejar, claro. Contudo, precisamos focar no agora para podermos criar no nosso máximo potencial.
Temos que olhar nos olhos quando preciso, conversar sem se preocupar com as mensagens que apitam no celular. Temos que nos desconectar para nos reconectar!
Como diriam os sábios: a vida e simples. A gente que complica tudo. O fluxo da nossa existência está em comunhão com o todo (chame de universo, deus, deuses, força superior, não importa!), mas nós teimamos em forçar, tencionar. Tal como um passeio em que a guia do seu cão fica retesada, não é agradável, não é fluido, não é prazeroso.
Gostoso é seguir sem se limitar pelos receios, preconceitos e crenças limitadoras. Tanto na vida, como na carreira (na verdade, ambas são simbióticas).
Vamos juntos nessa?
Até mais!
Obs. Eu falei de cães somente pelo fato de esses serem os meus companheiros de jornada, contudo, gatos, cavalos etc., cada um com suas particularidades, são mestres natos e podem trazem esses mesmos ensinamentos.