Eduardo Kasse, muito prazer!
Escritor e roteirista
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Uma conversa com Claudio Parreira

Há um Vigarista na literatura brasileira!

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Claudio parreira
Claudio Parreira, o Vigarista

Claudio Parreira é um escritor que acredita muito na disciplina – gosta de escrever das 6h às 8h da matina­ – com generosas pitadas de talento.

Sua primeira publicação em jornal foi no século passado, em 1985, e a primeira em livro em 2007. Desde então, participa de diversas coletâneas.

Gabriel, seu primeiro romance publicado pela editora Draco veio à luz em 2011, fazendo-o tomar gosto pelas narrativas mais longas.

No mais, Parreira gosta muito de café e é viciado numa substância ilícita que deveria ser mais fiscalizada pela Polícia Federal: linguiça apimentada.

Vamos lá:

1) Por que você se intitula Vigarista?

Claudio Parreira: Começou meio assim de brincadeira, mas depois percebi que havia mesmo no ofício de escrever muito de vigarice, no bom e no mau sentido. Além do mais, não é nada fácil conciliar o dia a dia com a literatura, as pressões no trabalho, o transporte caótico numa cidade como São Paulo. E são exatamente nesses intervalos que eu desenvolvo o meu texto, às vezes “fujo” para escrever um parágrafo ou dois, manter acesa a luz da criação.

São essas pequenas vigarices que, para mim, mantêm a escrita. Sou Vigarista, sim, mas por uma boa causa. A minha hahahahaha!

Eduardo Kasse: Concordo plenamente que manter a nossa carreira é algo complicado nessa loucura cotidiana. Aliás, temos muitos obstáculos a serem vencidos. Entretanto, quem teme isso é melhor nem entrar nessa batalha.

Escrever é paixão, é diversão, mas também é uma profissão que exige muita seriedade e garra.

gabriel
Sagrado e profano desconstruídos

CP: Sempre me considerei uma espécie de religioso ao avesso. O Sagrado me encanta, ao mesmo tempo em que faz pensar. Não engulo o blábláblá das religiões oficiais, principalmente a Católica, que está aí há mais de dois mil anos. A recente abdicação do papa Bento XVI é um claro exemplo disso. Acredita nas suas razões quem quer, quem tem fé ― mas eu guardo aqui as minhas reservas. Tem muito mais debaixo do rico tapete do Vaticano; o triste é que a maioria de nós jamais conhecerá a Verdade. Considero essa a minha liberdade: a de repensar e, principalmente, questionar aquilo que me é imposto ― seja na religião, na política ou em qualquer outra esfera.

EK: A nossa maior liberdade realmente é a capacidade de pensar, raciocinar e encontrar os nossos próprios caminhos. Quem somente aceita tudo aquilo que vem mastigado, fica parcialmente cego – totalmente, talvez?

Infelizmente, nunca saberemos as verdades dessa existência. E muitas delas, para desviar o foco, são consideradas infames “teorias da conspiração”.

3) Qual estilo literário você gosta de consumir?

CP: Leio de tudo: de História a quadrinhos, biografias, ficção em geral. Gosto muito do gênero que ficou conhecido aqui como Realismo Fantástico ou Realismo Mágico, que foi um sucesso na América Latina e no mundo. Isso me deu a base para quase tudo o que escrevo hoje. Mas de um tempo pra cá tenho me dedicado quase integralmente à literatura brasileira, clássica e moderna. Mais recentemente, tenho estado atento aos novos autores que vêm surgindo com cada vez mais força. Frankfurt e as principais feiras literárias do mundo ainda os ignora, mas acredito que isso é apenas uma questão de tempo.

EK: Sou um aficionado pelo conhecimento, então sempre busco a diversidade cultural. E de uns anos para cá tenho me surpreendido com a qualidade dos autores nacionais, principalmente dessa “nova geração”.

Estamos no mesmo nível dos estrangeiros. A única diferença é que, por motivos comerciais, eles têm mais visibilidade e, assim, passam a impressão de terem mais “sucesso”. Mas, esse é um paradigma que está mudando e vai evoluir muito nos próximos anos.

Sei que tenho muito orgulho de fazer parte disso. E também estou muito motivado para contribuir para o enriquecimento da cultura nacional.

Enfim, esse foi o nosso bate-papo! Espero que tenha gostado! Mas, antes de fechar a conta, o Claudio respondeu mais duas perguntas:

4) O que podemos esperar de Claudio Parreira para esse ano?

De concreto, um conto a ser publicado numa coletânea da Editora Draco. Um romance que vou concluir ainda hoje, mas sobre o qual ainda não posso revelar nada. E tenho alguns projetos particulares que estou negociando.

5) E para terminar, para você escrever é:

Enlouquecimento e disciplina.

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