Karen Alvares sempre foi louca por livros, tanto que, quando criança, invejava as bibliotecárias da sua escola. Hoje tem certeza: se não fosse escritora, faria algum outro trabalho relacionado aos livros. E suas estantes abarrotadas com obras e mais obras só confirmam esse fato.
Começou a escrever na adolescência, só por diversão, criando fanfics principalmente do Harry Potter. Pegou gosto pela coisa! Ainda mais com a interação dos leitores do gênero, que é muito rápida. Aprofundou-se nessa carreira e estreou como autora publicada em 2012 em antologias da Andross (Caminhos do Medo – Vol. II, Histórias Envenenadas – Vol. II e Dimensões.BR – Vol. II) e da Draco (Dragões), bem como em publicações independentes (Noites Negras de Natal e outras histórias).
Karen, já escreveu fantasia, romance, crônica e até mesmo histórias infantis, mas sempre volta aos seus gêneros favoritos: terror e suspense.
E além dos livros é completamente apaixonada por gatos, café e CHOCOLATE – a caixa alta é para tentar representar o quanto a moça gosta da guloseima!
Blog: http://papelepalavras.wordpress.com/
1) O que lhe motiva a escrever?
Karen Alvares. Acredito que essa é a única atividade que nunca me cansa ou desanima. É uma das poucas atividades recorrentes na minha vida, que eu sempre gostei. Quando penso em escrever, sempre encontro tempo e vontade para fazê-lo. Algumas vezes fico tentando criar novas histórias na minha cabeça só porque estou com vontade de escrever alguma coisa; em outros momentos, as ideias simplesmente aparecem e eu preciso colocá-las em algum lugar.
Sempre criei histórias “imaginárias” – principalmente antes de adormecer, para ficar mais fácil cair no sono –, mas só mais tarde descobri que poderia colocá-las no papel e transformá-las em algo. E tem também aqueles momentos nos quais só preciso desabafar; algo acontece e eu quero colocar para fora. Tenho mais coragem de dizer o que sinto escrevendo, então acredito que esse seria mais um motivo para eu gostar tanto de fazer isso.
Eduardo Kasse. Sempre acho interessante conhecer o que leva os autores a criarem. E, independente das motivações, é muito legal ver a “personalidade” de cada um transcrita, escancarada, seja em romances, contos ou mesmo em frases no Twitter.
A arte e a criatividade são belas por isso: por libertar mundos que ficariam escondidos em partes obscuras da mente. Por dar vida ao intangível.
2) Como é para uma profissional de TI – Tecnologia da Informação – criar histórias de fantasia? Faço essa pergunta, pois também sou formado pela FATEC (curso superior em análise e projetos de sistemas) e meus amigos achavam “engraçado” o meu lado escritor.
KA. Ah, não acredito! Encontro Fatecanos em todo lugar, até na escrita, como é que pode?! Fala sério, FATEC é um ovo mesmo! Mas sim, os meus amigos também acham isso engraçado, Eduardo! Quando descobriram que eu queria mesmo ser escritora, todos ficaram com cara de bolinha “Mas como assim?! Você fez informática! E você se dava bem em Cálculo!” Acho que agora já se acostumaram com a ideia…
Acho que essa mentalidade um pouco mais lógica que as pessoas que seguem carreiras exatas possuem ajuda na escrita. Faz a gente seguir caminhos mais críveis nas histórias, dar direções mais plausíveis aos personagens e à trama – não que as pessoas de humanas não façam isso, mas essa mentalidade mais lógica ajuda. E se tem uma coisa que eu gosto quando leio uma história é que o autor me faça acreditar que tudo aquilo, por mais louco que possa parecer, é possível e faz sentido. E, ah, é tão gostoso escapar da realidade, não?!
EK. Pois é. Se chacoalhar uma árvore cai um fatecano! 🙂 No começo da minha carreira eu mesmo me “enganava” e focava todos os meus esforços para ser um excelente desenvolvedor web. E fui. Fiz ótimos projetos, inovei, trabalhei com conceitos raros por aqui, mas apesar de todo o “sucesso”, eu estava infeliz e mesmo com problemas emocionais que começaram a repercutir na minha saúde física.
Então, dei uma guinada na minha carreira e foquei em algo que eu sabia fazer muito bem e, acima de tudo, era apaixonado. Escrever! Assim, hoje, além da literatura, trabalho com planejamento estratégico da informação e análise de conteúdos.
Mas tudo o que aprendi no mundo das “exatas” pude aproveitar na escrita, como organização, criação de estruturas de raciocínio, planejamento e por aí vai.
Enfim, o bom do conhecimento é que ele só acrescenta. O importante é termos satisfação em todas as vertentes da nossa carreira.
3) Em que você busca inspiração para criar as suas histórias?
KA. Nossa, de tantas coisas! Às vezes eu pego algum tema (outro dia estava pensando em espelhos) e tento pensar em alguma história para ele. Já sonhei com histórias, depois acordo e escrevo tudo o que lembro para aproveitar mais tarde. Outras vezes é meu marido que sonha coisas malucas e me conta, e então eu escrevo algo sobre o assunto (ele é ótima fonte de inspiração!). Quando a gente escreve é impossível não inserir experiências pessoais, então isso também é inspiração, não tem jeito. E, às vezes, eu faço o que acho que todo mundo faz: observo o ambiente.
Aliás, deixa eu te contar qual foi a inspiração para o meu conto “Chocolate”, que vai sair pela Draco, em Meu amor é um sobrevivente: um dia eu estava cozinhando com o meu marido e ele me pediu para abrir uma lata de ervilhas, ele simplesmente não consegue abri-las, de jeito nenhum! E aí eu pensei em um conto. Dá para acreditar que isso gerou uma história na minha cabecinha?! A mente da gente é engraçada.
EK. Acho que todos os escritores são como antenas parabólicas que captam “sinais universais” e decodificam em forma de histórias. Lógico que a criatividade e identidade são pontos-chave, mas sem essa capacidade de absorver, ruminar e regurgitar – meio nojento, mas serviu para ilustrar, eu acho… – certamente teríamos muito menos livros.
Eu já criei pensando num controle remoto – e saiu um conto medieval -, nos meus cães, na Estela, enfim até mesmo em um espinho que entrou no meu dedão do pé.
Ser escritor é racionalizar o imaginário e enlouquecer o que está certo. É ver além do que se enxerga e pensar aqui e acolá. E não raro tudo ao mesmo tempo!
Enfim, esse foi o nosso bate-papo! Espero que tenha gostado! Mas, antes de fechar a conta, a Karen respondeu a mais duas perguntas:
4) O que podemos esperar de Karen Alvares para esse ano?
Ah, esse ano está sendo ótimo para mim como escritora! Como disse ali em cima, fui aprovada para a antologia Meu amor é um sobrevivente, da Editora Draco, com o conto “Chocolate”, que é de zumbis (adoro zumbis!). Além disso, também passei na seleção da Editora Buriti para a antologia Mundos com meu conto de fantasia, fadas e bruxas “Austengard”.
Também participo de um projeto muito bacana com outros escritores chamado Um Ano de Medo, que traz contos de terror todos os dias durante um ano inteiro! É um baita exercício de escrita, porque toda semana tenho que trazer um conto novo para o site. E, por último, assinei contrato com uma editora (mas ainda não posso dar detalhes, é tão chato não poder sair abrindo o bocão sobre as coisas!) para publicar meu primeiro romance.
5) E para terminar, para você escrever é:
Uma vez li uma frase dizendo que escrever significa esvaziar-se e achei incrível. Acho que posso dizer que, para mim, é isso mesmo. O escritor enche a cabeça com seus sentimentos, histórias, personagens, conflitos… E então encontra a folha em branco e nela pinta tudo isso, removendo essas coisas de dentro do coração e da mente, transformando tudo em palavras, em histórias. Quando a gente escreve grande parte do que somos fica ali, nas palavras. E então o escritor fica vazio e, para preenchê-lo, imagina novas histórias, que inevitavelmente transbordam, e aí o ciclo não para mais.